O meu tambor foi tirado
Na mata da invernada
São Jorge mora na lua
e o vento não tem morada

Comunidades Quilombolas do Córrego do Alexandre (Porto de São Benedito), Porto Grande e Santana

Conceição da Barra- ES

— As memórias todas desse pessoal tá aqui. É a memória desse povo que a gente carrega

— Esse rio aqui é minha paixão.
Eu quero ficar por aqui mesmo.
Não quero sair aqui de perto mais não.

— O Jongo é a vida.

— Meu avô era filho de índio e minha vó era africana. Eles fizeram um promessa.
Que se os irmãos deles de sangue fosse libertado, que eles não ia ter tristeza, só ia ter alegria. Eles ia formar o jongo.

— Eu tenho fé em são benedito
não abandono ele por nada.

Os Projetos Cine Quilombola e Cinema de Griô nascem a partir do desejo de estabelecer uma correspondência entre comunidades quilombolas por meio do cinema.

Esse desejo toma a forma de oficinas de cinema em quilombos do Espírito Santo que realizam curtas-metragens e produzem sessões públicas de exibição desses filmes nas comunidades em que foram feitos.

Em cada quilombo se formou um pequeno grupo, que durante três ou quatro dias trabalhou junto a nossa equipe para captar as imagens e sons que vão dar origem aos filmes.

Os filmes não partem de um roteiro prévio, mas de exercícios de criação propostos por nós, que podem ser a escrita de cartas, a contação de sonhos, etc… A partir do que cada pessoa traz de história, de memória, de invenção nasce o rumo do filme.

A figura de um diretor é dissolvida, existe um investimento e uma crença nesse modo comunitário de tomar as decisões, de exercitar a criação.

A metodologia parte de alguns princípios que têm origem no projeto Revelando os Brasis e na Pedagogia do Dispositivo. “Qualquer pessoa é capaz de contar a sua própria história através do cinema” a partir de uma tecnologia que dispara processos criativos desviando da ideia da produção de imagens como representação. Na lateralidade da troca de saberes entre uma equipe de cinema e moradores de uma comunidade quilombola, construímos um filme.