— Nem todo saber é leitura.
Eu não tenho grande leitura mas tenho saber.

Laurinda

Comunidade Quilombola de Monte Alegre

Cachoeiro de Itapemirim - ES

Lançamento em Monte Alegre - Março de 2025

— Sou coveira, sou parteira,  mãe de santo.

E não me avexo de falar o que eu sou.

Cada um come do que gosta.

— Depois eles botaram  fogo no centro. Aí o fogo foi, foi, até que caiu em cima da mesa, queimou a toalha até perto do santo, não queimou um santo.

— Tudo que vocês vê, tudo  meu custo mesmo.

É suor pingado mesmo.

Oficina realizada de 20 a 22 de Junho de 2022

— A gente é quilombola e a gente sente orgulho de ser. Eu principalmente, eu amo esse lugar.

Os Projetos Cine Quilombola e Cinema de Griô nascem a partir do desejo de estabelecer uma correspondência entre comunidades quilombolas por meio do cinema.

Esse desejo toma a forma de oficinas de cinema em quilombos do Espírito Santo que realizam curtas-metragens e produzem sessões públicas de exibição desses filmes nas comunidades em que foram feitos.

Em cada quilombo se formou um pequeno grupo, que durante três ou quatro dias trabalhou junto a nossa equipe para captar as imagens e sons que vão dar origem aos filmes.

Os filmes não partem de um roteiro prévio, mas de exercícios de criação propostos por nós, que podem ser a escrita de cartas, a contação de sonhos, etc… A partir do que cada pessoa traz de história, de memória, de invenção nasce o rumo do filme.

A figura de um diretor é dissolvida, existe um investimento e uma crença nesse modo comunitário de tomar as decisões, de exercitar a criação.

A metodologia parte de alguns princípios que têm origem no projeto Revelando os Brasis e na Pedagogia do Dispositivo. “Qualquer pessoa é capaz de contar a sua própria história através do cinema” a partir de uma tecnologia que dispara processos criativos desviando da ideia da produção de imagens como representação. Na lateralidade da troca de saberes entre uma equipe de cinema e moradores de uma comunidade quilombola, construímos um filme.